ENERGIA E ALIMENTAÇÃO

Do livro Guia para o Dia-a-dia Macrobiótico, Georges Ohsawa

Estou convencido de que uma pessoa doente é um criminoso e que a doença é o seu castigo. As crianças são exceção, pois não têm idade para discernir. O seu castigo responsabiliza os seus pais na angústia de que sofrem, quando as crianças estão doentes.

Quem adoece ou tem filhos doentes, desconhece Deus e a Ordem do Universo. Os nossos corpos - conhecíveis, visíveis, tocáveis - são parte e estão ligados a este mundo material e relativo. As nossas mentes, ao contrário, são livres de ir onde quiserem, em qualquer momento no mundo absoluto infinito. Temos o poder de ver o passado e o futuro num instante.

O mundo da mente é o mundo de Deus... é o infinito ou Unidade. Como todos temos uma mente, todos somos habitantes do mundo absoluto de Deus. Não podemos dizer honestamente que não sabemos disso. Aquele que diz: "não conheço Deus' ou se comporta como se não O conhecesse, é o maior criminoso. Comparado com ele, todos os outros cometem crimes menores.

Aquele que não pode viver no mundo infinito - o mundo da mente -nunca será feliz nem conseguirá atingir nada de valor. Acaba na doença e na tristeza.

Epicteto disse: «De todas as coisas a conhecer, há apenas uma que vale a pena classificar de boa ou má. Conhecer ou reconhecer Deus é bom. Não reconhecer Deus nem o Infinito é mau. A consideração do bom e do mau em relação a outras coisas é irrelevante. É produto de um conceito superficial do mundo».

Na macrobiótica, dizemos que a doença se origina no alimento. Isto prova-se. A nossa escolha dos alimentos, contudo, ' é determinada pela mente. Se conhecemos Deus, a mente, nunca escolheremos maus alimentos: Aquele que não conhece Deus e não vê a Ordem do Universo, não encontra o alimento correto e adoece. - A doença física indica uma doença da mente ou uma doença do pensamento.

A mente e Deus sendo uma e a mesma coisa, é fácil de ver que o que governa e cura a doença, é a mente. Se não entramos neste mundo da mente nem podemos curar a doença nem ser felizes. No Oriente, a mente significa o absoluto ou Tao ou disciplina. À esta luz, é compreensível que para Deus não seja difícil curar a doença e a infelicidade. Na medida em que na Macrobiótica compreendemos que a doença do caráter ou da mente é provocada pelo alimento, sentimos naturalmente que também a sua cura se baseia na alimentação. Deste ponto de vista fundamental é fácil eliminar a doença física. Aquele que pensa que a macrobiótica é apenas uma forma de curar o processo físico, nunca poderá ser verdadeiramente ajudado.

Não é mais um remédio para deter a dor, mas antes um ensinamento que atinge a fonte da dor e a elimina. Uma vez eliminada, a doença não mais ressurgirá. Conseqüentemente, a consulta macrobiótica é dada, apenas, uma vez na vida.

Consultamos o indivíduo uma vez; os que voltam, indicam que não procuraram a verdadeira causa da sua dificuldade. Alguns pensam que a macrobiótica não é mais que uma dieta de comer gersal, cenouras e arroz integral. Outros julgam que tudo se resume a «Não comer bolos e açúcar».

Como estão longe da verdade! A macrobiótica é o processo de nos mudarmos de modo a podermos comer de tudo sem adoecermos; permite-nos viver uma vida feliz durante a qual poderemos conseguir tudo o que quisermos. É o conhecimento do infinito, vivendo o infinito, agradecendo ao infinito e sempre sentir a maravilha e a gratidão para com o infinito. Sem isto, não teremos realmente saúde; as nossas vidas são passadas na contemplação do sofrimento e das maçadas.

Se um indivíduo tiver saúde física sem estar em contato íntimo com o infinito, nunca sentirá alegria ou segurança. Observando o modo de vida macrobiótico, contudo, inevitavelmente atingirá a mentalidade para poder viver sempre em paz. Aquele que nunca esteve doente, não está verdadeiramente em segurança, porque a sua saúde é uma dádiva de seus pais. Foram eles que lhe deram um forte alicerce que poderá ser destruído por falso discernimento.

A verdadeira saúde é aquela que criamos.a partir da doença. Se produzirmos a nossa própria saúde, poderemos saber como é maravilhosa. Por esta razão, muita gente saudável desperdiça a sua saúde; pela ignorância, estragam-na sem saber o seu verdadeiro valor. Aquele que sabe o verdadeiro valor da saúde, espalha alegremente o seu conhecimento dizendo aos outros o que sabe. Se sois saudável, mas não dais aos outros a vossa saúde, não sabeis que a felicidade não tem preço.

O objetivo da macrobiótica é providenciar os meios de estabelecer esta atitude alegre. Em face dela, a arrogância, as queixas, o medo, á insegurança, a tristeza e o sofrimento desfazem-se. A felicidade, o amor, a liberdade e a crença ressurgem. Em tal estado aparece a infinita gratidão. Agradecemos tudo. O homem que está neste nível irradia gratidão;

o seu mundo está cheio. Mesmo se adoece ou está em dificuldades, um tal homem pode mudar o seu sofrimento em felicidade imediatamente. Se alguém o ataca com uma pedra, a pedra muda-se em flor; se a arma é a espada, a espada transforma-se num espelho. Se lhe dão veneno, o veneno transforma-se em remédio.

A macrobiótica é tão necessária para os que são saudáveis como para os doentes; de fato, os chamados saudáveis, devem ter a prioridade. Mas como geralmente estão contentes com a sua pequena dose de boa sorte e nada mais procuram, é difícil atingi-los. Os que sofrem, são facilmente auxiliados, pois têm uma razão para procurar a saúde - a dor.

O homem que entende o infinito e adoece é mais feliz. Aquele que está doente e entende o infinito é mais feliz do que aquele que está saudável, mas não pode entrar no reino dos céus. Sinto-me grato pela doença. A medicina ocidental cura os sintomas por meios artificiais, como injeções e pílulas; o entendimento do paciente nunca entra no processo. Os que assim são tratados perdem as hipóteses de entrar no reino dos Céus. Creio que a medicina ocidental é muito injusta para o homem.

O poder de curar reside na mente. O material para abrir a mente e para curar a doença é, contudo, a alimentação, cujas qualidades podemos distinguir pela mente. Se não podemos aclarar as idéias, não podemos distinguir os alimentos corretos. O poder de curar está na mente. A doença é nos dada para que descubramos esta mente. Se não podemos, será melhor permanecermos doentes até atingirmos uma compreensão da causa. Esta é a ordem de Deus. Temos de estar gratos à medicina ocidental. Pelo sofrimento que nos dá, motiva-nos a mudar, a compreender Deus e a Ordem do Universo. Dá-nos assim a oportunidade de atingir o máximo de saúde e felicidade.